06 fevereiro 2011

o comboio

ele entrou
sentou.se
bocejou

não havia energia nele
mas tudo à volta se movia com o movimento.
ouvia vozes mas não palavras
ouvia sons, sem sentido
não era ele… era apenas o corpo
alheio, quase desinteressado
e a viagem começara… lentamente
ao sabor dos carris, ondulando

ele não sentia, apenas via… observava
caras e expressões estranhas
e suas entranhas se revolviam

queria libertar a dor que o consumia
queria ser mais que aquilo
queria viver

… primeira paragem, sai toda a multidão
ficou sozinho, mas...
sozinho já ele estava

inconscientemente fechou os olhos,
sua mente pedia escuridão
talvez assim conseguisse perceber

sentiu frio
sentiu o frio a correr.lhe no sangue

quis mover.se mas estava preso,
quis gritar mas não tinha voz
então sonhou…


sonhou que era uma borboleta
azul e verde
voando sobre o mar transparente e quente.
ia agradavelmente ao sabor do vento.
sem destino ou obrigação


agora sim, encontrara.se
era ele, na felicidade
leve, sozinho, sempre sozinho


na sua calma
na beleza da solidão

e o comboio seguia viagem
estridente e barulhosamente
chiando agressivamente
apenas um comboio
viajando

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